sexta-feira, 17 de abril de 2009

Parkour Fúnebre



POR ENTRE OS MÁRMORES

O portão está aberto, entra. Sobe as primeiras escadas,
Um curto lanço, dois pequenos degraus. Segue depois pelo
carreiro de terra batida, apenas alguns passos até olhares
à esquerda, caminhares por entre os mármores. Desvia-te


das flores, não pises as vassouras que as viúvas deixam de
sábado a sábado. Vira agora para a direita e olha. Vê bem o retrato
a sépia pousado ao vento, debruça-te sobre a campa, reza.
E deixa-te com as flores, o portão sempre fechado.

Biologia do Homem, Jorge Reis-Sá, ed. Quasi, 2004


Em Por Entre os Mármores Reis-Sá ensaia a primeira tentativa do que eu chamo o poema-parkour ou se preferirem o poema –orientação. Outros nomes para este poema avançado seriam por exemplo Parkour Enérgico do Cangalheiro Saltitante ou ainda Parkour de Finados. Em poucas palavras, o exercício físico mistura-se com um revivalismo fúnebre. No próximo post debruçar-me-ei sobre o enigmático poema Dharma & Greg.

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