sábado, 27 de junho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Lendas Gregas


A serena e ornamentada sequência de acontecimentos segue com minúcia a caracterização duma cena cujo rendilhado picaresco, digo picaresco porque não quero subverter a curiosidade dos queridos leitores com o termo pornografia. Um impante falo rodeado de limos com lapas e conchas sedimentados nos colhões inchados a foder com um lago salgado e morno cheio de plantas e animais que esperam em frenesim erótico a descarga em onda do enorme pau, destacado mastro de veleiro, que assim se transporta pelas algas estiradas da margem do lago oh, sim que apenas poça parece ao ser assim roçado. O enorme bacamarte afoga-se lentamente como o último grumete da última vigia a ser sugado por um mar calmo e receptivo no corpanzil de lançadora de pesos que era a lagoa. E fodem com golfinhos zangados o mastro inchado do veleiro e a lagoa. E fodem como principiantes e depois mais devagar como reformados e depois aceleram para os vinte anos e finalmente a lagoa fica branca e tranquila o mastro do veleiro já cuspiu. E foi por esses dias que os locais começaram a chamar àquele sítio a Lagoa de Ouzo um espécie de pastis grego que torna a água esbranquiçada cor de sabão ou nhanha.
Popeye Green, Lendas Gregas, Ed. Quasimodo, 2009

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Anti-Poema ou Poema Extremófilo (como nos bichinhos)

Um frasco de absinto com água das pedras
Um rectângulo cheio de Fedras
Rotundas para mamar betão
E o resto é restolho de Mirmidão

Conversos conventos e éter
Fugazes virtuosos
E o brilho ofuscante do cagalhão de beterrava
Terra brava de escravos
Salgueiros pagos no Paraíso
Ideia iníqua
E conclusão ridícula.

JCM sobre Branca de neve (II)

Estonian Folk Dancing Part 1

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O naufrágio do mar



Verrugas usando os lábios comem os escolhos das caras naufragadas.
Refastelam-se as santolas com os restos dos marinheiros.
É fartar vilanagem que há muito que comer
Muito a ser roído pelo mar que engole desde medula de marinheiro a aços de proa.
Comilão corrosivo sempre borracho com mercúrio e outros manjares
E do que os barcos vomitam e cagam.


O naufrágio do mar (excerto), Popeye Green, Edição de autor

sábado, 6 de junho de 2009

William Shatners Common People lego animation

belo poema ,excelente animação.

Geronte Bucéfalo Jr.



A Ilha dos Imortais

Dentro de um barco, estão homens.
O barco está dentro duma garrafa.
Tudo isto é normal, aborrecido.
Mas, os corações dos marinheiros
Estão fora dos corpos, pregados à pele.
Isto é anormal, absurdo mas excitante.

Ao chegarem à ilha os marinheiros entregaram os corações
Às mulheres do fim do mundo.
Artérias e aortas brilhavam em mãos de prata.
Elas podiam ver o pulsar por fora,
examinar os porquês do amor, contar os níveis de ritmo
eram eles nas mãos delas
as mulheres do fim do mundo comeram os corações
num repetir de mandíbulas ,
Não queriam ciência, mas carne.
Repletas as bocas de carniça,
faltava preencher o último vazio e consumar a boda.
Cheios de mar, os chegados, encheram-lhes as flores
Com nacos de carne e litros de leite.

Ninguém olhou para trás ao deixar terra.
Na praia, acenando, ficaram as mulheres do fim do mundo
Deusas grávidas dos mareantes.


Geronte Bucéfalo jr., Águas, Ed. Quasímodo, 2011

G. B jr. Publicou este livro em 2011 e foi aclamado pela Academia de Letras dos Dentistas e agraciado com o prémio Doc. Holliday / Almada Negreiros em 2010. Actualmente encontra-se no passado.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pulp wait to play "Common People" on Italy's Roxy Bar

Versos arborícolas



A salvação do Ikea

Como é bela a sandice colada á velhice.
Ás árvores ninguém desdiz a idade
Mas antes as gabam e aos seus arcaicos ramos
Verdura pendente do céu
Esparregado plantado no tecto azul
Estrofes fendidas no vento
Grossa riqueza oferecida em sombra
Alvéolos dum mundo que já respira mal.
Refúgio de bichos.
Matéria de berço e de barco de recreio.
Cadeira de crisma e caixão.
Árvores sandeiras, velhas matreiras
Cabe a vós salvar o mundo e o Ikea.



Terebentino Lombardo, Nu no Éden


Terebentino Lombardo é funcionário público há noventa e tal anos. O tempo livre dedica-o á poesia. Tem um papagaio loiro de bico doirado e pouco mais. Desde 2002 publica regularmente na Trampolim Taciturno sempre o mesmo livro: o clássico florestal Nu no Éden.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Serralves em Festa 09 Entrevista com a Vénus de Willendorf



Aproveitando o Serralves em Festa tive ocasião de entrevistar a Vénus de Willendorf, que se apresentou com a sua peça-performance Cona Gorda. Descontraída e com um inglês de leve acento teutónico, a beldade ancestral propiciou-me esta breve e descomposta entrevista.

Qual a sua opinião sobre a lipoaspiração?
Acho uma estupidez.
Qual a sua comida favorita?
Tudo desde que esteja morto e cozinhado e isso inclui vegetais, frutos carne de caça e fast food e também alimentos pré-cozinhados e congelados. Também gosto de peixe cru e bife tártaro.
Qual a sua opinião sobre o aquecimento global?
Vai aumentar a venda de gelados bebidas frescas e granizados. Vai também aumentar a percentagem de bebedeiras nocturnas para ficarmos quentinhos toda a noite e podermos dormir de dia e assim evitar a exposição prolongada ao sol para não ficarmos sem pele.
Gosta de Portugal?
Sim muito é um país onde ainda há muita fé no princípio feminino, por isso nunca me deixam pagar nos restaurantes. Ontem por exemplo comi um atum inteiro grelhado com uma arroba de batatas e só me cobraram os 150 finos com groselha, são uns queridos.
Agora uma pergunta de cariz pessoal algo melindrosa, é verdade que rompeu o seu enlace amoroso com o boneco da Michelin?
Não quero falar nisso, puta que par…. esse magricela de mer….!!!!
O que acha de Boticelli?
O melhor pintor de anorécticas de todos os tempos.
Conhece alguma coisa da cultura portuguesa?
Sim é uma cultura fascinante, é rica e gorda.
Que anda a ler neste momento?
Schnitzler, os aforismos.
O grande mistério que gostaria de descobrir?
É mais uma pequena curiosidade, gostaria de descobrir o teor relacional de Rosa Botero com os anões.
Relativamente à sua performance aqui no Serralves em Festa o que é realmente o espectáculo Cona Gorda?
Foi uma ideia que eu tive antes de me separa do meu último casamento com um lutador de sumo, antes de eu o deixar em lágrimas ele disse-me que eu era a cona gorda dele
Vindo dum homem que eu amava essas palavras nunca me deixaram e pouco depois ele morreu esmagado no ringue. Sempre lhe disse para ele comer mais mas era um pisco, e pagou por isso. Basicamente Cona Gorda a peça é o diálogo entre mim e o fantasma dele.
Projectos futuros?
Amar comer ser feliz e criar.
No plano artístico pretendo fazer uma peça de cariz vingativo e pessoal contra o filho da pu… do Michelin, esse cabr….
Pretendo ainda retomar a terapia relativa ao mal que me aflige: o sindroma de tourette.
Obrigado pelo seu tempo e simpatia.
De nada seu cabr…de mer…minetei…

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Serralves em Festa 09


Os dez, vinte anos de Serralves pelo olhar atento de Serafim Ogro fotógrafo de ocasiões, vulgo casamentos e baptizados. Algo lhe captou o olhar nesta catita e pouco formatada beldade.