segunda-feira, 22 de junho de 2009

Lendas Gregas


A serena e ornamentada sequência de acontecimentos segue com minúcia a caracterização duma cena cujo rendilhado picaresco, digo picaresco porque não quero subverter a curiosidade dos queridos leitores com o termo pornografia. Um impante falo rodeado de limos com lapas e conchas sedimentados nos colhões inchados a foder com um lago salgado e morno cheio de plantas e animais que esperam em frenesim erótico a descarga em onda do enorme pau, destacado mastro de veleiro, que assim se transporta pelas algas estiradas da margem do lago oh, sim que apenas poça parece ao ser assim roçado. O enorme bacamarte afoga-se lentamente como o último grumete da última vigia a ser sugado por um mar calmo e receptivo no corpanzil de lançadora de pesos que era a lagoa. E fodem com golfinhos zangados o mastro inchado do veleiro e a lagoa. E fodem como principiantes e depois mais devagar como reformados e depois aceleram para os vinte anos e finalmente a lagoa fica branca e tranquila o mastro do veleiro já cuspiu. E foi por esses dias que os locais começaram a chamar àquele sítio a Lagoa de Ouzo um espécie de pastis grego que torna a água esbranquiçada cor de sabão ou nhanha.
Popeye Green, Lendas Gregas, Ed. Quasimodo, 2009

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