sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Poema final



Aos Amigos

Porque procuro no poema final e definitivo a face de Deus,
todos os versos que escrevi me hão-de condenar ao inferno.

Jorge Reis-Sá, Biologia do Homem, Quasi, 2004


Ao Inferno não digo, rapazola, mas és capaz de passar algum tempo no Purgatório, não por estes versos mas por todos os outros que de forma tola e melíflua soltaste neste mundo. Mas não te preocupes, depois de chateares algumas almas penadas, S.Pedro virá para te levar ao Paraíso onde poderás ver finalmente Deus. Devo no entanto avisar-te que Este estará de costas ouvindo chalaças de Tchecov sobre o portuga que meteu a padaria na sacristia. Tchecov em horrenda chacota conta anedotas referindo-se a ti como o poeta da broa mística e do folar salteado à luz da manhã. Só uma coisinha, durante os tempos de Purgatório poderás contar com cargas diárias de porrada administradas por Rimbaud que está insatisfeito com o Purgatório e quer ir para o Inferno a todo o custo para beber uma cerveja e encontrar outros contrabandistas e velhacos em geral.

Nenhum comentário: