sexta-feira, 27 de junho de 2008

José António Marina


Quando digo que a inteligência joga, não falo metaforicamente. A inteligência joga consigo mesma executando as suas actividades livremente por fruição, prescindindo de normas e finalidades, insubmissa e incansável. Numa palavra, comporta-se com engenhosidade. No engenho estão todas e cada uma das características do jogo.
Em primeiro lugar, é uma actividade agradável, auto suficiente e portanto inesgotável. O jogo não pretende atingir fim algum fora de si próprio. Por isso é infinito. Meter um golo ou ganhar um jogo não são a sua finalidade, porque assim que acaba ,senão houver cansaço começaria outro. O corpo e o espírito captam-se como inesgotáveis e essa sensação de poder forma parte da alegria do jogo.


Elogio e refutação do engenho, José António Marina


José António Marina nascido, em 1939, em Toledo diz de si próprio “ser um observador sem domicílio fixo e um detective cultural”.

Um comentário:

redonda disse...

Este conheço e penso que já li todas as obras dele que foram publicadas. Salvo erro, foram três, certo?