quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ezequiel Sernancelhe


As minhas grandes referências não são literárias, daí o facto de eu escrever tão mal. As minhas influências são o saudoso Roussado Pinto e aquele brilhante pasquim que era o Jornal do Incrível. Outro grande cacho do lagar da minha criação é a poesia popular escrita em casas de banho de café. Acho que no actual contexto a cultura precisa não de ser elogiada mas sim de ser torturada. Disponho em meu poder vários desses instrumentos a saber: o strapado para autores chatos como o caralho, o aseli para poetas de merda, as tablillas para os pedantes cheio de floreados, a escalera para os ficcionistas de trambolhos, a gehena para as escritoras de chás de caridade, o tijolo quente para os donos das barracas pequenas, e a dama de ferro para os igualmente cabrões donos das barracas grandes.


Ezequiel Sernancelhe, A varanda das virtudes


Ezequiel Sernancelhe é um médico de província que além de tratar as maleitas das suas aldeias se dedica ao ensaio e á entomologia. O seu primeiro ensaio Lídia Gorge não sabe assobiar vendeu dezanove cópias. A varanda das virtudes já vendeu perto de cinquenta. Ambas foram publicadas pela Desova do Lucro.

Um comentário:

redonda disse...

Vou procurar pelos seus livros...