quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Regras para a prática da escrita

Tento ver a escrita como algo de raiz leve e moderada, algo que inicialmente sugere a descontração. Um passo para desligar a rotina, o caminho para o abandono das programações constantes que os nossos pensamentos e actos imediatos evidenciam diariamente.
Esta visão tem como objectivo libertar a escrita do estigma da obrigação. Felizmente posso pensar assim. Não vivo da escrita e a minhas pretensões não passam de uma forma de descobrir-me a mim próprio, ainda que esse propósito do auto conhecimento constitua um plano ambicioso e em certa medida contenha um lirismo inocente que contribui para me inebriar. Não levar-me demasiado a sério constitui sempre um bom contrapeso. Ás vezes é como fosse um jogo e brincasse ao : "escrever o que sou agora". Porem, vou sentindo necessidade de introduzir algumas regras ao meu "jogo da escrita" e pouco a pouco vou colhendo e absorvendo algumas ideias fruto dos meus interesses e procuras. Vou tendo a percepção que há vários níveis de profundidade quando mergulho nas palavras escritas e gostava de entender qual o grau apropriado para cada estado emocional. ( Sempre quis escrever uma frase parecida com esta.)
Gosto de pensar na escrita como uma terapia criativa, aliás algo que no atelier de escrita com o Mário Cláudio é explorado. Com base nesse conceito, a escritora Natalie Goldberg, norte americana especialmente conhecida pelos seus cursos de oficina de escrita, define algumas regras da prática de escrita que passo a transcrever:

" As regras de escrita são o ponto de partida, o início de toda a escrita, o fundamento para aprender a confiar na tua mente. Confiar na tua mente é essencial para escrever. As palavras saem da mente.
E alem disso creio nestas regras. Talvez seja un pouco fanática por elas.
- Actuas como se fossem regras para viver, como servissem para tudo - disse um amigo querendo importunar-me.
Eu sorri.
-De acordo, vamos provar. Servem tambem para o sexo? -Perguntou ele.
Levantei o polegar para indicar a regra número um: "Manter a mão em movimento". Assenti com a cabeça.
Dedo índice, regra número dois: " Ser concreto". Soltei um grito de júbilo.
Dedo número três: " Perder o controle". Estava a tornar-se claro que a escrita e o sexo eram o mesmo.
Finalmente, a número quatro: " Não pensar", disse eu.
Sim, tambem funcionavam para o sexo. Eu tinha razão. O meu amigo e eu começamos a rir.
Daqui para a frente experimenta estas regras com o ténis, enquanto conduzes o carro, ou preparas uma sandes de queijo ou disciplinas um cão ou uma serpente. De acordo. Pode ser que não deem resultado sempre . Mas dão com a escrita. Experimenta."

"Agora cito umas regras que não são necessariamente aplicadas ao sexo, mas que se quiseres podes tentar aplicá-las.
Não te preocupes com a pontuação, a ortografia, a gramática.
Não tenhas problemas em escrever o pior lixo da nação.
Vai directo ao "pescoço". Se surgir algo pavoroso segue-o. Aí é onde está a energia."

2 comentários:

Anônimo disse...

Attention!

redonda disse...

Gostei muito deste texto e achei interessantes as regras :)