segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Ilha dos corações partidos II

A multidão vislumbrou a figura que emergia da bruma pouco antes de o abraçar. Estava coberto de cal branco, o que parecia ser sangue seco e areia. Tinha ornamentações escarificadas na face. Um olho negro como o carvão contrastava com a caverna de cicatrizes onde o outro olho luzia por estar ausente.
Depois dos cumprimentos e abraços o zarolho afastou-se da multidão. Passeou pela orla da praia e foi-se sentar numa rocha a olhar para o mar. O sol já não se aguentava, estava a ser empurrado para o fundo. Entardecia e a multidão foi à sua vida. O homem levantou-se e deu um mergulho no mar, aproveitando para urinar em recato. Depois de jantarem os ilhéus vieram para perto do zarolho que continuava pesado como uma estátua em cima da pedra. A maré estava a subir, sentaram-se numa fila paralela às últimas areias lodosas. À medida que a maré subia a figura do zarolho ficava mais tapada e bastante mais lúdica para os locais que nunca tinham visto nada assim.

3 comentários:

Alien Taco disse...

Continuas tu, redonda? Gostava de ver para onde esta história vai...

redonda disse...

:) Não sei se consigo. Vou pensar nisso! Para já se alguém passar por aqui e quiser continuar, acharia óptimo!


E gostei da tua continuação, está ao teu estilo, muito bem escrita e interessante.

Eira-Velha disse...

Não contem comigo...
Fuiiiiii...